Este foi um evento muito enriquecedor, repleto de desafios. Primeiro que a maioria dos grupos já eram pré-estabelecidos, como o evento abria espaço para inscritos individuais, eu fui um deles. Segundo porque eu não conhecia nada sobre sistemas embarcados e da linguagem C.
O evento consistia em 48h para se desenvolver algo que se enquadrava no conceito de "Smart City", soluções inteligentes que envolvessem equipamentos de baixo nível e melhora na experiência do cidadão. Precisavam necessariamente envolver grandes problemas urbanos como transporte, coleta de lixo, integração comércio-consumidor, etc... Ao final do evento, foi necessário fazer um pitch da solução e a demonstração de um MVP, protótipo mínimo viável.
A maioria dos grupos eram pré-formados, equilibrados e com a ideia sólida, debatida e completamente pronta, bastava executar. Os grupos que foram formados na hora, eram pessoas iniciantes que pretendiam conhecer um hackathon que não pensaram em uma ideia de solução, esperavam formar após terem um grupo.
Acabou que meu grupo eram quatro pessoas, sem experiência alguma em C e embarcados/eletônica, cada um sabia um pouco de algo, todos iniciantes, porém nada a fundo ou em comum. Habilidades que não se integravam.
Dadas nossa limitações, começamos a debater as ideias. O grupo não concordava facilmente e quando sim, os mentores derrubavam tudo por terra. Acabou que fomos entrar em consenso após mais de 12h de evento, por volta das 9 da manhã, uma madrugada inteira de debates. Com o desgaste da primeira noite, um dos integrantes desistiu, o que provavelmente programava mais.
Os três sobreviventes resolveram fazer uma simples lixeira inteligente, que monitorasse sua porcentagem de lixo e que enviasse essa informação a uma central de análise para elaborar o roteamento da coleta de lixo.
Ao longo do primeiro dia, desconfiamos e percebemos que um dos integrantes estava enrolando. Ele falava que era o foda, que linguagem era só sintaxe, que se garantia em tudo, mas no hackathon inteiro ele não escreveu UMA linha de código, estava sempre "baixando uma biblioteca", "configurando o ambiente", "instalando a IDE" ou coisas do tipo.
Consegui programar a placa, com auxílio dos mentores e os milagrosos foruns que o google me trazia. Sem nunca ter feito uma linha de C, eu não tinha ideia do que estava fazendo. Nesse tempo o outro integrante preparava a apresentação de slides e os argumentos dos pitchs, e participamos da primeira bateria de testes e apresentações das ideias e da análise dos mentores.
No segundo dia já conseguimos concertar alguns bugs e conectar com a api da nestin, pegando os dados que a placa enviava, eu tive que fazer em tempo recorde o gráfico dos dados que a placa enviava, pois já tinhamos pouco tempo e eramos em "dois". Apresentamos, funcionou e celebramos o sufoco. Foi o resultado de muito café, energético e persistência.
Concluímos que o terceiro integrante era completamente maluco e MUITO cara de pau, rara combinação. O figura vinha falando a todos que ele tinha ralado muito e programado pra caramba. Até um minuto antes da apresentação final ele vinha com ideias novas, para largarmos tudo que fizemos e apresentar sua ideia inovadora do ramo hospitalar que iria revolucionar brasília e conseguiria programar tudo a tempo de apresentarmos. Foi estressante e ao mesmo tempo engraçado, de tão absurdo. Independente disso conseguimos terminar!
Agradeço muito a nestin, por ter feito esse evento e me ensinado que no momento que realizar e produzir, a constante vontade e determinação faz milagres, mesmo sem muito conhecimento. Fiz um amigo e uma superação em meio ao ao caos, ótima experiência. Muito obrigado Nestin! Como gosto da filosofia estoicista, essa experiência honra todos os mestres que já a ensinaram, isso não tem preço.